segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Descritivamente.

E vejo apenas o verde da grama em contraste com o da folhagem superior. Sinto um vento que sopra de maneira a mexer apenas com a ponta do meu cabelo. Leio um livro que já quis se aposentar, mas que por amor a literatura, colocou-se em minhas mãos. Estas, cansadas de te escrever.

Posso ainda, delinear estas nuvens que ao contrário da feição daqueles peões, não tem traços bem feitos. Mas que, por meio delas, pode-se dizer que Deus os fez bem. O muro em que encosto é frio, mas por trazer da noite o brilho sagaz das estrelas. E tenho a certeza que com a rotina diária de um sol bem iluminado, o esquentará como se houvesse atrito entre os dois.

Gosto de descrever. Gosto, pois é assim que espalho certezas de um lirismo mal-acabado, que assim o é por ser infinito. Mas assim como digo que já não sei se o próprio universo é infinito, digo que minha vontade de descrição também não passa por ai.

Não quero saber o que sinto. Não quero ter a possibilidade de descrever o que é para ficar subentendido, para não sofrer a tentação de me declarar. Sentado aqui, vejo como é só o que me preenche que move minha capacidade de descrição. Como se meus sentimentos e a ciência crítica destes, mudassem a minha visão. Mas não quero.

Quero continuar com esta grama que compartilha de seu caminho com um cachorro desatento. E quero principalmente continuar com estas nuvens mal desenhadas. Porque é ai que tenho a certeza de estar confuso... mesmo sabendo que as duas não podem coexistir.


Capítulo III.