sábado, 12 de junho de 2010

Resumo: Nós dois, em uma noite.

Não seria capaz de colocar tudo o que já senti ao teu lado. Muito menos os momentos que aconteceram sem planejarmos, e que ficarão como metas. Mas essa noite...

Em tom de brincadeira entramos no meu quarto, aproveitando da casa vazia. Eu fazia você sorrir continuamente só por você ter cócegas no joelho. Eu sei que você não gosta. Ou quando diz, fala apenas com a intenção de eu repetir o gesto. Mas o seu sorriso me paraliza.
No meio da bagunça de nossas alegrias, e do jogo de mão-mão, joelho, perna e corpo, o ar exalava confiança e paixão. E de repente, segurando seus dois braços, percebi quão admirável você é. Digo admirável porque não dá vontade de te olhar menos, ou te olhar de canto, quero só te olhar. E nada melhor do que a nossa velha brincadeira do "quem sair do olhar primeiro, perde" para usar como desculpa. E nós dois perdemos. Nos perdemos em meio a beijos e calor. Em meio a camisa e cabelo. Em meio a cumplicidade.
Depois, me achei apenas deitado na cama. Você do meu lado, abraçava a colcha como se dela fizesse parte. Só as mangas da minha camisa, a qual você vestia melhor do que eu, eram maiores que seus braços e apareciam como dois pontos de carinho. Por alguns instantes perdi o controle dos meus pensamentos, e era puro sentimento. Adormeci sorrindo.
Ao acordar, com um sol a meio horizonte, me deparei com o que não queria: você tinha me deixado. Fiquei sentado na cama com a esperança que minha lembrança do seu corpo desenhando meu lençol se materializasse. Não sei quanto tempo passei tentando forçar minha memória ao real. Sei que meu relógio soltou alguns acordes da música do rádio, me informando que tudo o que eu pensara, fora inútil. E tudo o que eu sentia, era absurdo.
Quando fui desligá-lo, um papel:
" Não sei porque você se foi, quantas saudades vou sentir, e de tristeza vou viver, e aquele adeus não pude dar. Você marcou a minha vida! Viveu, morreu na minha história...
Te amei. De um jeito adolescente, passional.
Te amo. Sem conseguir de você algum respaldo.
Te amarei. Porque sem colaboração, não existe ação. "
E seu apelido carinhoso assinava.
Eu achei que demoraria horas pra te entender. Mas em um momento, justo quando lembrei do companheirismo que tanto elogiava, percebi. Percebi que eu tinha ido muito antes de você. E que você tinha sido superior o suficiente para estar comigo até o fim.
Então soube que teria de voltar a dormir. A partir daquele dia, meu esforço seria diferente. Queria ter seus olhos nos meus. E seria para isso que levantaria todos os dias, consciente desta nova meta.
Com a cabeça no travesseiro, ouvia o fim da música no rádio...

"Everything changes in the face of the moon,
Nightimes here and you're in full bloom,
When you move me,
My Luna Girl..."