terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fazer acreditar.

Já fazia algum tempo que eu não a via. De fato, por conversas ou notícias, sabia de como ela se sentia. De como vivia seu relacionamento. Ela só me mandou um recado, e disse que queria me encontrar. E eu, pensando em todas as consequências, quis!

Sentados no mesmo lugar onde antes eu apenas imaginava, hoje, dizia:
- O que está acontecendo?!
- Eu não sei! Achei que tinha o caminho certo nas minhas mãos e ele simplismente foi sumindo!
- E você já procurou algum outro?!
- Não! (Choro)
- Então é porque você ainda está perdida.

Dei alguns minutos até ela engolir a vergonha. Eu já sabia que era necessário, por isso permaneci quieto. Olhando-a de rabo de olho, já que sabia sobre seu incômodo quando sob meu olhar, percebi que a conhecia melhor que antes, mesmo sem uma convivência continua. Olhando ainda para o chão, até como se fizesse a analogia concreta entre caminho e a grama debaixo de nós, ela continuou:
- Eu não sei mais o que fazer!
- Me dê três motivos plausíveis pra acabar com tudo agora!
- Não me venha com sua lógica novamente!
- Não é lógica, é conhecimento sobre si mesmo. Coisa que acho que você não tem!

Levantei-me e sabendo que a ausência naquela hora seria melhor do que qualquer palavra, segui por algumas quadras. Com o coração na mão, ouvia o suspiro de um choro. Um choro que desejava que rolasse pelo meu peito, amparado pelo meu ombro.

Dois dias depois, ela aparece na porta do meu quarto. Com cara de quem acaba de descobrir uma safadeza feita.
- Porque você é a única pessoa que sabe como falar comigo?!
- E o que é saber falar com você?!
Olhou para a minha mão, estendida com a intenção de que ela entrasse, ela balançou a cabeça. Por um instante achei que o sinal negativo era para a entrada no quarto, mas ela delicadamente colocou sua mão sob a minha e eu entendi.
- Você me fez acreditar em mim. Só que eu fiquei brava por ter que te ouvir para passar a enxergar as coisas!
Soltei um sorriso discreto. Ela insistiu:
- Como?!
- Porque eu acredito em você aonde é necessário para ser feliz.
Inclinando-se para trás, acho que com intuito de me distrair, deu um tom de desconfiança e disse:
- Agora você é livro de auto-ajuda?!
A trouxe para mais perto, tirando-a das suas defesas e... dei-lhe um beijo.
Olhando eu seus olhos respondi:
- Sou quem acredita que pode te fazer feliz!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Soneto desafinado.

Espectador.
Olhar tudo em volta. O Teatro repleto de pessoas que vem à apresentação e perceber suas expectativas diferentes. Na Era da Irreverência, irreverente é procurar um concerto. A Gala da aparência de luzes colocadas de forma harmônica com as linhas suntuosas do Teatro caem por chão quando olhares de insignificância são disparados no ar...

O jovem que veio acompanhar o pai-empresário-bem-suscedido, só pensa em sair para encontrar seus respectivos. Mas no fundo, quando a orquestra traz seu íntimo à mente, percebe que queria de fato, encontrar seu pai.
Aos falsos interessados, o interesse é nítido. Aquele galanteador, com ar superior, trouxe sua acompanhante para mostrá-la à sinfonia, e não apresentar a sinfonia à ela. Seus olhos nas pernas sobrepostas da dama, adornada por um vestido escolhido com importância, tinha relevância fútil.

Risos de indignação, cínicos, saltaram de minha boca, e foram logo reprimidos, por mim mesmo. E ao lembrar de um sorriso simples, me concentrei em consertar minha ida ao concerto. E então, quando o piano relevou um terceiro ato, me perdi novamente...

Os bodas-de-ouro, vieram reviver à graça de seus tempos. E tem os olhos vidrados, brilhantes e gratos pela fidelidade, pelo amor. E as cordas do violino, aquele que bom som sai por sua idade, transmitem a virilidade de suas personalidades.
O distrinchar de uma noite bem preparada, revelava um bom marido, que, à gosto de sua mulher, se encontrava perplexo com a beleza da paz de espírito de sua amada ao se encontrar em bons sons. Com olhos no contra-baixo, ele começara a aprender naquele momento a gostar do que ela gostava. Por amor, não por admiração. E sem querer, se apaixonava mais.

Suspirando e olhando se as mangas do meu black-tie ainda estavam corretamente colocadas, me percebi como mero espectador. O sentimento de iniciativa para se viver uma boa história se perdia em admirar as outras histórias. Ou pelo menos imaginá-las. Sozinho, sentado na vigésima segunda cadeira, da terceira fila, não buscava o prestígio do camarote. Apenas não buscava nada, apenas sentir-me melhor. Seja nos concertos, nos erros ou nos acertos, de uma vida que pára para que o piano possa retomar triunfante seu solo e juntos, agraciarmos a beleza de uma troca de olhar, finalizando a noite...

... à pé, por uma rua a meia-luz!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Métodos anti-modernismo.

Raras as chances que tive de me enxergar enquanto vivia neste vício de rotina. Mas quando pude olhar mais para mim, sempre percebia você ao fundo.

Antes você era apenas um nome a mais. Antes de cruzarmos nossos caminhos. A partir de então, o desconhecido se transformou em sede de convivência. E a cada madrugada, a cada besteira, era como se você me cutucasse falando: "Sei que tem algo quieto em você, mas é isso o que eu quero!"

É um sentimento contido por se assemelhar demais à um pecado, apesar da vergonha só aparecer em nossos rostos. Mas nada que mude como lidamos um com o outro. Eu não tento te esconder, apenas não sei como te apresentar. E assim, sorrio! Sorrir por ter esquecido como é chorar. A saudade se transforma em fogo do corpo, em vontade de ter suas costas repousadas em meu peito, ou em poder olhar nos teus olhos e passar a mensagem que necessito de algo além do brilho.

Não sei se gosto de você pela confusão que causa em mim quando nos falamos. Mas creio que não. Acho que o desânimo apenas ocorre quando desligamos, vamos dormir, e já no quente de nossas cobertas, descobrimos que a distância faz frio. De resto, tenho o suficiente para virar uma noite querendo ser mais sábio para achar uma solução mais rápida.

Vivemos então, buscando soluções e respostas. Se este é o mundo sem fronteiras, da proximidade, porque prefiro acabar com o moderno e ter a vontade de ir tomar um sorvete na praça com você?!

sábado, 12 de junho de 2010

Resumo: Nós dois, em uma noite.

Não seria capaz de colocar tudo o que já senti ao teu lado. Muito menos os momentos que aconteceram sem planejarmos, e que ficarão como metas. Mas essa noite...

Em tom de brincadeira entramos no meu quarto, aproveitando da casa vazia. Eu fazia você sorrir continuamente só por você ter cócegas no joelho. Eu sei que você não gosta. Ou quando diz, fala apenas com a intenção de eu repetir o gesto. Mas o seu sorriso me paraliza.
No meio da bagunça de nossas alegrias, e do jogo de mão-mão, joelho, perna e corpo, o ar exalava confiança e paixão. E de repente, segurando seus dois braços, percebi quão admirável você é. Digo admirável porque não dá vontade de te olhar menos, ou te olhar de canto, quero só te olhar. E nada melhor do que a nossa velha brincadeira do "quem sair do olhar primeiro, perde" para usar como desculpa. E nós dois perdemos. Nos perdemos em meio a beijos e calor. Em meio a camisa e cabelo. Em meio a cumplicidade.
Depois, me achei apenas deitado na cama. Você do meu lado, abraçava a colcha como se dela fizesse parte. Só as mangas da minha camisa, a qual você vestia melhor do que eu, eram maiores que seus braços e apareciam como dois pontos de carinho. Por alguns instantes perdi o controle dos meus pensamentos, e era puro sentimento. Adormeci sorrindo.
Ao acordar, com um sol a meio horizonte, me deparei com o que não queria: você tinha me deixado. Fiquei sentado na cama com a esperança que minha lembrança do seu corpo desenhando meu lençol se materializasse. Não sei quanto tempo passei tentando forçar minha memória ao real. Sei que meu relógio soltou alguns acordes da música do rádio, me informando que tudo o que eu pensara, fora inútil. E tudo o que eu sentia, era absurdo.
Quando fui desligá-lo, um papel:
" Não sei porque você se foi, quantas saudades vou sentir, e de tristeza vou viver, e aquele adeus não pude dar. Você marcou a minha vida! Viveu, morreu na minha história...
Te amei. De um jeito adolescente, passional.
Te amo. Sem conseguir de você algum respaldo.
Te amarei. Porque sem colaboração, não existe ação. "
E seu apelido carinhoso assinava.
Eu achei que demoraria horas pra te entender. Mas em um momento, justo quando lembrei do companheirismo que tanto elogiava, percebi. Percebi que eu tinha ido muito antes de você. E que você tinha sido superior o suficiente para estar comigo até o fim.
Então soube que teria de voltar a dormir. A partir daquele dia, meu esforço seria diferente. Queria ter seus olhos nos meus. E seria para isso que levantaria todos os dias, consciente desta nova meta.
Com a cabeça no travesseiro, ouvia o fim da música no rádio...

"Everything changes in the face of the moon,
Nightimes here and you're in full bloom,
When you move me,
My Luna Girl..."

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre ser solidão.

Por favor, imagine um piano sendo tocado ao fundo. Por mãos de quem já viveu o suficiente para saber que cada nota, é um esforço!

Há tempos me pergunto sobre os pontos negativos de viver só. E não os acho. Há sempre quem queira dizer que "não se pode viver sozinho", mas esta frase não contém a sutileza como deve ser passada. Porque quem convive, não vive sutilmente. E nem apenas vive.

Meus infernos lógicos e minha linha de raciocínio, se é que ela existe, já são o suficiente para querer mais alguns pontos de vista. Tudo o que penso ou questiono são baseados nos outros, de fato. Mas não são baseados naqueles que estão próximos. O pipoqueiro do bloco da faculdade me fez pensar muito mais sobre o que é viver do que meu professor de sociologia. E eu nunca comprei uma pipoca durante os quatro anos de convivência.

As vezes o fato de me sustentar observando os sentimentos expressos de desconhecidos me elucida. Já penso que não preciso de fato de alguém ao meu lado. E nunca deixo de pensar quão superficial é amar.

Hoje de manhã me apaixonei pelo interesse de certas pessoas no meu bom-dia. Aquele que parecia só sair após às dez da manhã, hoje saiu às sete. De tarde apaixonei por uma senhora de idade que olhava uma vitrine de roupas joviais e abriu um sorriso como se soubesse da história por trás do vestido. Ou apenas pela memória.
E quando digo me apaixonar, é no sentido literal da palavra. De fazer o dia ficar melhor. De soltar um sorriso atoa. E de ficar com uma imagem na cabeça.
E impressionantemente, eu nem os conhecia.

A maioria dos maiores pensadores da história não tiveram companheiros. E aquilo que a outros olhos parece rude, para mim parece filme: esqueçam-me, para que possa conhecê-los. Para que eu possa usufruir da espontaneidade, do "ninguém te observar", da intimidade explícita. A sutileza dos gestos estão fora do foco de atenção. E por esta razão são sutís.

Não sei se poderei viver sozinho, como quero. Positivando o que se negativa em termos de prisão social. Quero apenas que eu possa olhar, apaixonar-me, e sair despercebido.

Só não deixarei de comprar mais pipoca.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Trinta e sete segundos.

Eu estava nervoso por te ter pela primeira vez em meu quarto. Mas nem o nervosismo conseguiu tomar conta de mim.

Como se fosse algo que acontecesse todos os dias, você estava deitada com a barriga no chão, pernas que pareciam brincar com o ar, um livro na frente, e fones de ouvido, provavelmente tocando um pop-rock nacional barato.
Já eu, que mal te reconhecia como um amor há semanas atrás, estava sentado no computador, procurando algo pra fazermos da nossa noite.
E de repente percebi que nem abrira a página de pesquisa!

De repente, me peguei atento aos teus olhos fixos que se perdiam ao ouvir a música, mas tinham rumo de linhas certas.
De repente, quis ouvir o que você escutava, só pra poder fazer parte do seu momento.
Queria que de repente, você olhasse para mim... Não, não! Ai eu teria que inventar qualquer desculpa para me tirar de uma situação desconfortável. Melhor continuar assim!
Parece que algo em você, força o espaço a diminuir.
Sutilmente, você soltou um sorriso. De canto de boa. Não sei se pelo livro ou pela música, ou... você sabe que eu estou te olhando?!
E mesmo assim, não dou conta de parar de te olhar.
Eu que nem sabia como dizer a você o que se passava de verdade. Era apenas um brincalhão, meio inocente no meio da multidão. Enquanto todos esperavam que alguma coisa além das palavras de agrado social saissem da minha boca, eu só esperava que você não saisse de perto.
E cá estou bem perto! Você levantou os olhos meio surpresa, e eu estava deitado, com um coração batendo contra o chão, à um palmo do seu rosto...

"Que foi?!", sorrindo como se tudo estivesse no seu controle.

E eu, totalmente desarmado: "Você!"

Isso tudo, em trinta e sete segundos. E de repente, quero uma vida ao teu lado! Ou só um sorriso causado por mim!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sem foco.

Deixando as palavras correrem...


-
Acordem, eu não sou mais o mesmo. Descobri a beleza do silêncio, retratada anteriormente como dor para mim. Às detentoras do meu sorriso e dos meus suspiros, digo que vivo muito bem sem. Aos que me fazem sorrir intencionalmente, por favor, fiquem. E obrigado.
Agora eu sei que seu olhar é dantesco. Ou paradoxal, no mínimo. Eu tenho medo de te encontrar, e faço tudo para tal. Eu, que brinco com as palavras, mal sei manusear seu sorriso. Porque eu bem que podia tirar proveito disso.
Não, não estou falando de uma ou outra. Falo de amores. Daquilo que deve ser elevado, colocando-o em nível de mistério.
Ao contrário do que se pensa, não fui feito para os outros. Apenas acredito no bem. Mas me sinto muito melhor escondendo as coisas. Enfiando-as num lugar onde o esperto sou eu, emburrecendo-me.
Há tanto a se dizer, e nenhuma força pra falar. Todas as músicas são trilhas para mim. Mas quem disse que trilhas demais dão o caminho certo a alguém?!
O melhor beijo encontrou um outro rapaz, a léguas daqui, e eu não tenho a oportunidade nem de lutar por.
O melhor sorriso se escondeu dentro de si, e eu não posso dizer nada para exibí-lo para o mundo.
O melhor olhar está perdendo o brilho, e a culpa pode ser minha.
A melhor saudade, é só choro e saudade.
E o melhor amor, se transformou. Não está mais nas minhas mãos.
Eu que ando sonhando para não precisar dormir.
Eu que sou silenciado por brilho de olhar.
Ridículo. Mas ainda bem que fica tudo em mim.
-


Agora fujam palavras. Quero que saiam correndo. Só pra eu esquecer. Eu que vivo lembrando que esqueci.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pluto.

E se eu pudesse ter escolhido os detalhes desta história, ela seria a noite de ontem.

Chuva, pois não há nada mais melancólico. Noite, figurando o escuro lírico da falta de direção. Eu, com um sobretudo preto, daqueles que ao sentirem a gota da chuva, parecem querer jogá-las de volta pra cima. Por baixo, um terno que me serviu para posar bem em uma ocasião rotineira. E por baixo, o cansaço do dia, que se refugia na solidão escondida.

Parado a sua porta, começo a voar nos meus pensamentos. Tendo sempre como escala a dúvida do que eu fazia ali. Deixei o seco do meu carro, para poder sair a chuva. Com a esperança talvez de que assim, você pudesse sentir a minha presença e sair à porta. Mas quanta bobagem!

'Bobagem menos aquelas que eu adorava fazer só pra ver seu sorriso lerdo, largo! Largaria as minhas forças ao chão, caso você necessitasse aprender a colher. Só para não te ver cansar. Das tantas vezes que te coloquei sobre meu peito, nenhuma me passou sem querer te colocar sobre minha alegria. Me encontrava devoto. Como se você fosse capaz de emanar luz, porque era disso que eu precisava.'

'O que estou fazendo aqui?'

Nada de ouvir seus passos e a porta destrancando. Por um otimismo relapso, acho que é culpa da tormenta que cai e me ensurdece. Querer chamar a atenção pode ser demais. Provavelmente você deve estar dormindo, ou fazendo algum trabalho. E eu, chegando do meu, procuro uma razão com a qual dormir.

'Seus olhos sempre brilharam mais depois de um cochilo repentino.'

E um suspiro almejando ser sorriso me retoma a realidade. Já se foi. Não há mais. Minha consciência de romancista com ares de realismo aplicado ao sentimento, cairiam abaixo caso você viesse me dar um abraço. Não precisava nem falar, nem acariciar. Só um abraço.

Por sorte, e obra divina, as minhas lágrimas se confundem com as gotas de chuva. E o meu sobretudo as recebe como medalhas. Batendo no peito como se algo de extremo esforço estivesse sendo recompensado. E acredite, essas eu não quero jogá-las para o alto.

Te perder, terminar, ou ter morrido, são verbos sem tempo semelhante, mas encaixam perfeitamente. E como se eu ignorasse tudo, ou sendo bem sincero, querendo também te deixar de lado, abro meu guarda-chuva, depois de ensopado e volto para o carro.

Ao pegar no volante, vendo meu banco de couro claro, suportando um guarda-chuva negro molhado, percebo que assim como não me desfiz da chuva apenas com aquela proteção, não me desfiz de você com aquela declaração. Calada, sem vontade de falar. Talvez só aparecer.

A relutância em querer sair da sua porta, só é abafada por aquela rosa branca, que eu deixei em frente. Eu só espero que os deuses não a carreguem como oferenda. Apesar de achar que caso isso aconteça, eles vão encontrar um bom exemplar do que amar calado é.

Minha sorte é que sempre que dobro a esquina, eu me dobro. Como se escondesse algo, de mim mesmo!

Me entende?!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sem ter, sentir.

Quem é você?! O fato é que eu não queria nem lembrar a resposta dessa pergunta. Porque é bem assim que eu quero levar a minha vida:

Uma manhã, por uma ocasião rotineira, eu me deparo com olhos que brilham e me fazem pensar em besteiras. Desisto de levar meu cotidiano por um dia. Ainda admirando, rogo a todas as forças, chamando de Deus ou destino, que faça ao menos um livro seu cair. Então eu o pegaria e teria uma história pra fazer. Ou contar.

Tiraria então, você do seu dia. E colocaria um sorriso ao invés da mesmice de um escritório, ou sei lá o que você faz. É que essa roupa fica muito séria.

Perdidos na hora já, queria perder as contas dos seus sorrisos, ou das coisas entre a nossa luta subliminar para saber quem é o melhor em vangloriar-se. Eu não saberia quem você exerce, só quem você é. E vice-versa. Como em um ato que para o mundo, fosse ao menos exótico. Conhecer-se já não teria o sentido de vida, mas de pessoa.

Após parecer idiota, com o cair da noite, perceberia que já estava cheio de você. Que devia seguir por aquela calçada, com uma iluminação pobre, se comparada ao meu estado de espírito.
Mas você tomou a minha mão, pela primeira vez durante o dia. Me deu um papel, e um beijo, sem selo. Eu ia perguntar o seu nome, e você se virou. E sendo bem old fashion aquilo pareceu um comercial de shampoo. Só o seu movimento saindo. Porque meu dia pareceu um filme.

No papel, seu nome. E eu ficaria com a certeza de que um dia eu não teria outro dia como aquele. E é só isso que eu queria. Porque se eu ficar com você, seria apenas pra relembrar. E de lembranças, eu estou cheio.

Pra um dia, não importa a ordem, eu/você te/me reconhecer, sem ao menos ter me conhecido. Não do jeito que os outros queriam.

Ah! Meu nome, é Possibilidade. E essa história se passa em todo lugar.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O horizonte, de longe.

Eu fico olhando para um céu sem muitas estrelas, com uma lua à quarto minguante e imagino se pensar grande, seria desejar que você estivesse olhando as mesmas estrelas que eu. E acabo por me questionar se me iludir e pensar grande trazem o mesmo sentimento de pseudo-conforto.

Tudo isso, por causa de um brilho que nem o céu consegue sustentar. Que caiu de lá a muito tempo, e só uma pessoa como você, de caráter forte e cabelos morenos, faz com o brilho seja tão natural, que pode ser revelado em um olhar.

E hoje, essas palavras que pra mim, parecem se cansar de serem apenas pensamentos, são apenas desejos. E as críticas ficam de lado. Moldando... você! Longe de visões negativas. Mas longe de mim.

Palavras que podem se calar, sem valor. Mas só irão se calar, se eu não tomar aquele avião e ir ao seu encontro. Porque, juro, assemelhando-me a um louco, que quando chegarem nos teus ouvidos, elas virarão brisa, que dá o alento do qual você buscou. Há muito tempo atrás.

E todos podem calar, ou nem imaginar, mas eu permaneço. Com a coragem de um iludido. Com o sonho de um idealista. E com o sentimento de um old fashion romantic.

Só não quero mais ficar com as minhas palavras pra você. Já que se fossem até você, eu só queria fazer você sentir a saudade que eu sinto.

Porque dói. Inclusive na hora de confessar.

Ah, aquele beijo!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A metáfora geométrica.

Eu muito tenho medo de me aventurar em devaneios sobre a vida. Dona de tanta armadilha. Mas há algo que desafogou como quando se empurra uma bola até o piso da piscina e se solta. E como é bom uma bola redonda.

De fato, passado pela minha cabeça a visão de outrém de que a vida é circular ou que se assemelha a tal, muito me agonia a idéia simplificada da afirmação. A vida não é algo simples que possa se assemelhar a alguma coisa, e muito menos a um círculo. Mas se a questão é a geometria, vamos a ela:

Um círculo feito por uma criança, é composto de uma linha redonda, nem sempre perfeita, e de seu preenchimento. Já para aqueles com alguma formação, têm-se o contorno e a área do círculo. E para os especializados, escolhem se vão colocar o círculo nos seus estudos com astros, copos ou moléculas. Mas há algo de comum: a razão Pi.

E assim pergunto se há algo de comum na vida se não a regra de que ela é limitada. Tomado então, o Pi (também usado como censura) da vida, como sua limitação, o que não se enxerga, pelo menos na superficialidade das afirmações vistas por mim, é que o tamanho do círculo muda. O tamanho da linha muda.

Existe uma necessidade em parar de olhar para o que já é fato, e preocupar-se em maximizar o tamanho do círculo. Quanto mais preenchemos o círculo, mas a linha aumenta. E se quiseres tomar a linha como a da vida, vai a boa notícia de que o fim fica mais longe caso se preencha mais.

Por mais confusa que estas idéias fiquem, elas tem de fato que ser. Não há idéia simples sobre a vida. Apenas uma razão comum. E se é girando em círculos que se fica tonto, confuso, é porque a semelhança é muito mais sentida do que geometria.

E é por isso que eu volto a dizer: como as crianças são felizes! Elas nunca desenham um círculo perfeito, e por isso, não pode-se se aplicar a razão Pi.

E elas ainda pintam da cor que quiserem. E sem deixar branquinhos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sobre R.

Relacionar-se, de fato, é uma arte. Tanto é, que nada mais me chama tanta atenção quanto o prazer de descobrir, desvendar ou detalhar uma vida. Mas essa minha arte, não começa com D. Começa com R.

Realizar sentimentos antes pensados apenas em filmes e livros fantasiosos, se torna possível. Durante a sua leitura! Aprender que um livro surgido do acaso só tem continuidade após o seu fim se você tomar atitude, é retumbante.

Racionalidade é algo que você só terá, caso se dê conta de que não a têm. Como se fosse o primeiro passo. Não só rumo à própria consciência, mas ao melhoramento de sua relação. Se isto não ocorrer em três meses, adeus! Virão bons momentos, daqueles em que o instante é relembrado para sempre, mas prolongado até tal.

Reduzir as complicações e maximizar as qualidades podem parecer fórmulas tentadoras quando se pretende uma solução. Se chegar a este ponto, pare tudo! Você errou bem antes, quando não fez destas duas coisas o principal caminho a ser seguido. Por mais que ele tenha que surgir sem esforços.

Resistir. E como é difícil resistir. A todas estas afeições, diferenças, surpresas, mistérios ou ao proibido. Mas como é bom lembrar que por uma letra, pelo R, resistir é a mais bela forma de existir.

Render-se, para quando não conseguir resistir.

Raramente existirão outras. Mas isso só vai acontecer pela velha lei de que ninguém é igual a ninguém. Não fique com a ilusão de que não virá outra melhor ou a próxima não terá o que mais te agrada. Porque citar R é fácil. Difícil é tirar dele o vício semântico encontrado no relembrar, retroagir, reagir, rever, reviver, etc. R não é para isso. É para ser simples, único e tudo ao mesmo tempo, eliminado o perigo de procurar o que já foi. Para sempre ser novo, e criar expectativas.

Relembrar, relembro apenas uma coisa: antes do R existem muitas outras letras.